sábado, 28 de março de 2009

Boas Vindas

Pessoal,

Este é o blog do nosso curso. À direita, estão links para informações gerais (ementa e cronograma). Outras virão, conforme a necessidade.

Espero que possamos fazer bom proveito deste espaço.
- debater questões, facilitar o acesso a textos, oferecer links para sites interessantes... etc.

Boas vindas a todos do mar e da montanha!

mauricio lissovsky

quinta-feira, 26 de março de 2009

Cronograma de aulas

O Vestígio e a centelha:
o pensamento da imagem em Walter Benjamin
Primeira parte: Rosto
AULA 1 (19/03)
Benjamin:
"Pequena história da fotografia"
"A doutrina das semelhanças" e "A Capacidade Mimética"
Lissovsky:
"Signo: Tigre; Ascendente: Lontra. História, Fotografia e Adivinhação em Walter Benjamin." (RJ) "Walter Benjamin, a fotografia e a pequena história" (MG)

AULA 2 (26/03)
Benjamin:
"A imagem de Proust"
"Franz Kafka - A propósito do décimo aniversário de sua morte".
Eduardo Cadava:
" cap. XXV - Similarity" de "Words of Light" (versão esp. "Semejanza")
AULA 3 (02/04)
Georges Didi-Huberman:
"Quatre bouts de pellicule arrachés à l'enfer" e "Dans l'oeil même de l'histoire" (Images malgré tout). Versão ingl. ‘Four pieces of film snatched from Hell e "In the very eye of History"
"A imagem-crítica" (O que vemos, o que nos olha).
AULA 4 (BH, 02/04; Rio 23/04)
Agamben:
"Qu'est-ce que le contemporain?"
"Shekinah" (A Comunidade vindoura);
"Le Visage" (em Meios sem fim). Vers. Ing.: "The face"
"Pardes": a escrita da potencialidade.
O Dia do Juízo (em Profanações)
Segunda Parte: Gesto
AULA 5 (30/04)
Benajmin:
"Experiência e Pobreza"
Agamben:
"Infância e História" (Ensaio sobre a destruição da Experiência)

AULA 6 (07/05):
Benjamin:
trechos selecionados das "Passagens"
"Paris, capital do sec. XIX"
ANDREW Benjamin:
"Boredom and Distraction: the moods of modernity"
Suzan Buck-Mors:
"História Natural: Fóssil" (em Dialética do Olhar)

AULA 7 (14/05)
AGAMBEN:
O autor como gesto
Notas sobre o gesto
DIDI-HUBERMAN
"A História da Arte como disciplina anacrônica" (Diante do Tempo)
Terceira parte: Redenção
AULA 8 (21/05)
Benjamin:
"Sobre o conceito de história"
"Fragmento teológico-político"
- Exibição de Drancy avenir (Arnaud Despallières)
AULA 9 (28/05)
Lissovsky
A Memória e as Condições Poéticas do Acontecimento
Agamben:
"Tempo e História: Crítica do Instante e do Contínuo"
Stéphanne Mosés:
"O Anjo da História" (cap. VI)
AULA 10 (18/06)
DIDI-HUBERMAN:
"Image-archive ou image-apparence". (vers. Ing.:’Archive-Image or Appearence-Image). EM Images malgré tout (Images in spite of all)
- Exibição de trechos de S21, la machine de mort Khmère Rouge (Rithy Pan)


AULA 11 (25/06)
Ricardo Foster:
"La Alma de los Muertos"
Didi-Huberman:
"Image-montage ou image mensonge" (vers. Ing. Montage-image or Lie-Image). Em: Imagens a despeito de tudo
Exibição do episódio IA de Histoire(s) du cinéma (Godard).
AULA 12 (02/07)
DIDI-HUBERMAN
"Image semblable ou image semblante" (Em Images in spite of all ; Ing: Similar-Image or Semblance-Imgage)
Agamben:
"O Arquivo e o Testemunho"
César Guimarães:
"E a redenção? (notas em torno da imagem, do limiar e do real".
Maria Filomena Molder:
"A tinta e o mata-borrão: a teologia no pensamento de Walter Benjamin".
Seminário de Integração: 09-10/07

quinta-feira, 19 de março de 2009

O Vestígio e a centelha:

o pensamento da imagem em Walter Benjamin

O curso pretende abordar a dimensão indicial das imagens fotográficas e cinematográficas a partir do pensamento benjaminiano acerca da imagem. Para tanto, serão lidos textos de Walter Benjamin que tratam do tema, acompanhados da discussão de textos de comentadores e estudiosos da obra benjaminina, além da análise de obras fotográficas e cinematográficas.

No momento atual, em que imperam, em diferentes domínios, as teses desconstrucionistas em torno da imagem (que enfatizam o caráter convencionado de seu sentido, dependente de um acordo intersubjetivo construído pelos espectadores), gostaríamos de insistir no modo com que a experiência histórica se inscreve na materialidade das imagens (mesmo a mais precária), sob a forma de um vestígio que não pode ser tomado unicamente como um documento do passado, mas sim como um índice do futuro, a clamar por redenção e ameaçado pela desaparição. A concepção benjaminina da imagem foi traduzida belamente por Georges Didi-Huberman em L'Image malgré tout. Neste livro dedicado a quatro pedaços de um filme fotográfico arrancados ao inferno de Auschwitz, Didi-Huberman comenta a brevíssima aparição, em História(s) do cinema, de Jean-Luc Godard, da imagem dos restos calcinados de um homem, quase irreconhecível, pois é com dificuldade extrema que a semelhança ainda sobrevive nas cinzas que o fotograma guardou (e que a memória procura reavivar):

      “Alguma coisa permanece que não é a coisa, mas um farrapo da sua semelhança. Alguma coisa - bem pouco, uma película – resta de um processo de destruição: essa alguma coisa, ao mesmo tempo em que testemunha uma desaparição, luta contra ela, pois se torna a ocasião da sua possível memória. Essa coisa não é nem a presença plena nem a ausência absoluta. Não é a ressurreição nem a morte sem restos. É a morte enquanto produtora de restos.” 1

Alguma coisa que resta, "um mundo proliferante de lacunas, de imagens singulares que, montadas umas com as outras, suscitarão uma legibilidade, um efeito de saber", escreve Didi-Huberman. Os restos da imagem e a imagem como resto. A imagem sobrevivente. Contudo, a legibilidade que essa coisa espera de nós luta contra a própria fragilidade da sua inscrição. O que nos conduz ao texto de Benjamin é, portanto, o modo com que a lógica do vestígio é vinculada a uma experiência história que permanece inacabada, à espera – justamente – da redenção. Não aquela que viria no final dos tempos, com sua irrupção catastrófica, e sim esta outra, incerta e singular, inscrita no tempo próprio da imagem, mesmo o mais breve, enquanto ela perdura, e que não se sustenta se o olhar não é reavivado pela memória, e se não consegue atender ao apelo que as coisas nos lançam. Tal perspectiva amplia enormemente o horizonte da discussão em torno da indicialidade da imagem no domínio da teoria do cinema documentário e da fotografia documental e impõe novos desafios conceituais e metodológicos.

O curso será organizado em três grandes temas em torno dos quais se reunirão as discussões dos textos e as análises das imagens. Os textos de Walter Benjamin, relativos a cada uma das partes, são:

    Primeira parte: Rosto

    “Pequena história da fotografia”; “A doutrina das semelhanças”, “A imagem de Proust”, “Franz Kafka - A propósito do décimo aniversário de sua morte”.

    Segunda Parte: Gesto

    “Experiência e Pobreza”, “Paris, capital do sec. XIX”, trechos selecionadaos das “Passagens”

    Terceira parte: Redenção

    “Sobre o conceito de história”; “Fragmento teológico-político”, trechos selecionados das “Passagens”



Metodologia:

O curso será realizado simultaneamente na ECO/UFRJ e na FAFICH/UFMG (Prof. César Guimarães), com turmas indenpendentes. Entre a segunda e terceira partes do curso, prevê-se um encontro das duas turmas para intercâmbio de experiências e de reflexão teórica. Ao longo do curso será mantida uma lista de discussão com a participação dos professores e alunos de ambas as unidades. As atividades são presenciais. As aulas incluem estudos dirigidos, seminários e projeção de filmes.

Bibliografia:

AGAMBEN, G. Renmants of Auschwitz. Zone Books, 2002.

AGAMBEN, G. Infância e História. UFMG, 2005.

AGAMBEN, G. The time that remains. Stanford University Press, 2005.

BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas I. São Paulo: Brasiliense, 1985.

BENJAMIN, Walter. The Arcades Project . Harvard University Press, 1999 (edição brasileira pela UFMG)

DIDI-HUBERMAN.G. Images malgré tout. Édition de Minuit, 2003.

DIDI-HUBERMAN.G. Ante el tiempo. Adriana Hidalgo, 2008 (Ed. Francesa, 2000).